terça-feira, 26 de outubro de 2010

A Revolução Industrial - Parte II


"...durante todo o período de que trata este livro, a escravidão e o algodão marcharam juntos."

Dessa forma, Hobsbawm define a segunda parte do capítulo reservado à Revolução Industrial.
Tecendo breves comentários sobre a escravidão, ele se aprofunda mais na questão algodoeira, e na criação de um "triângulo" entre a Inglaterra, as Américas e a Índia.
Em relação à questão algodoeira, o autor faz uma análise:

"O algodão, portanto, fornecia possibilidades suficientemente astronômicas para tentar os empresários privados a se lançarem na aventura da revolução industrial e também uma expansão suficientemente rápida para torná-la uma exigência. Felizmente ele também fornecia as outras condições que a tornaram possível."

Essas condições, segundo ele, se relacionam com a utilização de máquinas, criação de mercados consumidores e a "necessidade" de se consumir esses produtos, o que fez com que a indústria algodoeira crescesse enormemente.

"Os novos inventos que o revolucionaram - a máquina de fiar, o tear movido a água, a fiadeira automática e, um pouco mais tarde, o tear a motor - eram suficientemente simples e baratos e se pagavam quase que imediatamente em termos de maior produção."

Sobre a América Latina, Hobsbawm resume:

"A América Latina veio realmente depender de importações britânicas durante as guerras napoleônicas e, depois que se separou de Portugal e Espanha, tornou-se quase que totalmente dependente economicamente da Grã-Bretanha, sendo afastada de qualquer interferência política dos seus possíveis competidores europeus."

E sobre a Índia:

"A índia foi sistematicamente desindustrializada e passou de exportador a mercado para os produtos de algodão da região de Lancashire: em 1820, o subcontinente adquiriu somente 11 milhões de jardas; mas por volta de 1840 já adquiria 145 milhões."

E mais:

"Isto não era meramente uma extensão gratificante dos mercados de Lancashire. Era um grande marco na história mundial. Pois desde a aurora dos tempos a Europa tinha sempre importado mais do Oriente do que exportado para lá; porque havia pouca coisa que o Oriente necessitava do Ocidente em troca das especiarias, sedas, chitas, jóias etc. que lhe enviava. Os panos de algodão da revolução industrial inverteram pela primeira vez esta relação, que tinha até então se mantido em equilíbrio por uma mistura de exportações de lingotes e roubo."

Hobsbawm é claro quando relata essa inversão entre o Ocidente e Oriente, e a Inglaterra torna-se a primeira nação ocidental a exportar produtos para o Oriente, em maior quantidade que os que importava. Podemos quase afirmar que o Capitalismo começa a torna-se realmente mundial, a partir da indústria algodoeira.

Mas ainda haviam os chineses...

"Somente os auto-suficientes e conservadores chineses ainda se recusavam a comprar o que o Ocidente, ou as economias controladas pelo Ocidente, oferecia, até que entre 1815 e 1842 comerciantes ocidentais, auxiliados pelas canhoneiras ocidentais, descobrissem uma mercadoria ideal que podia ser exportada em massa da Índia para o Extremo Oriente: o ópio."

A China seria cada vez mais subjugada pelo mercado do ópio durante o século XIX, até a eclosão da Guerra do Ópio, mais adiante...

Um exemplo de empresário que enriqueceu com a indústria algodeira foi Robert Owen:

"Em 1789, um ex-ajudante de um vendedor de tecidos, como Robert Owen, podia iniciar com um empréstimo de 100 libras em Manchester; por volta de 1809, ele comprou a parte de seus sócios nas fábricas de New Lanark por 84 mil libras em dinheiro vivo."

Síntese: páginas 57 a 62 (continua)
Imagem: mulheres negras (escravas), passando roupas de linho e/ou algodão no século XVIII

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