sábado, 26 de março de 2011

História do Brasil IV - Período Pré-Colonial

A História do Brasil começou em Portugal, no Século XII:

1139 - Independência de Portugal;
1249 - Anexação do Algarve;
1415 - Conquista de Ceuta;
1488 - os portugueses chegam ao Cabo da Boa Esperança;
1498 - Vasco da Gama chega às Índias;
1500 - Cabral chega ao Brasil.

A partir do momento em que os portugueses chegam ao Brasil, e tomam posse dessas terras em nome da Coroa Portuguesa, passa-se ao Período Colonial (1500/1822).

Mas a colonização propriamente dita começa em 1530. Então, damos o nome de Período Pré-Colonial ao período 1500/1530.

O primeiro nome da terra descoberta foi Ilha de Vera Cruz. Em seguida, chamou-se de Terra de Santa Cruz.   Brasil foi o terceiro nome dado à terra. Muitos creditam esse nome à exploração do pau-brasil (Caesalpinia echinata):

1501 - Fernando de Noronha assinou contrato de exploração do pau-brasil com a Coroa portuguesa;
1503 - Gonçalo Coelho fundou a a primeira feitoria de exploração e transporte de madeira;
1506 - o Papa Alexandre VI homologou o Tratado de Tordesilhas;
1516 - primeira expedição de vigilância da costa, expulsando traficantes, principalmente franceses;

Inicialmente os próprios portugueses cortavam as árvores, mas devido ao fato destas não estarem concentradas em uma região, mas espalhadas pela mata, aqueles passaram a utilizar mão-de-obra indígena para o corte. Os índios não eram escravizados, eram pagos em forma de escambo, ou seja, simples troca. Apitos, chocalhos, espelhos e outros objetos utilitários foram oferecidos aos nativos em troca de seu trabalho (cortar o pau-brasil e carregá-lo até às caravelas). Os portugueses continuaram a exploração da madeira, erguendo toscas feitorias no litoral, apenas armazéns e postos de trocas com os indígenas.


De qualquer forma, os franceses se incomodaram com as expedições de Cristóvão Jacques, encarregado das expedições guarda-costas, achando-se prejudicados; e sem que suas reclamações fossem atendidas, Francisco I (1515-1547), então Rei da França, deu a Jean Ango, um corsário, uma carta de marca que o autorizava a atacar navios portugueses para se indenizar dos prejuízos sofridos. Isso fez com que D. João III, rei de Portugal, enviasse a Paris Antônio de Ataíde, o conselheiro de estado, para obter a revogação da carta, o que foi feito, segundo muitos autores, à custa de presentes e subornos.


Podemos dizer que, durante o Período Pré-Colonial (1500/1530), o Brasil recebeu apenas expedições exploratórias e guarda-costas. Essas expedições também serviram para que se conhecesse melhor o litoral brasileiro, se desse nome a muitos acidentes geográficos e também se fizesse mapas mais detalhados dessa região. Exemplo disso são os mapas de Cantino (1502) e o Terra Brasilis (1519):




O Planisfério de Cantino foi feito por Alberto Cantino, espião a serviço do Duque de Ferrara, em 1502. Ele se encontra na Itália, atualmente.


O "Terra Brasilis" faz parte do Atlas Miller, feito em 1519 por Jorge Reinel e Lopo Homem. Se encontra na França.

Abaixo, um mapa-múndi onde você pode ver as principais conquistas portuguesas, em todos os continentes. Repare que, enquanto apenas explorava a costa brasileira, a Coroa portuguesa explorou grande parte do mundo:


E quem governava Portugal nesse período, e o que fazia? Abaixo, o símbolo da Ordem de São Bento de Avis:


1) D. João I (1358/1433): foi o primeiro Rei da Dinastia de Avis, após vencer a Batalha de Aljubarrota, contra Castela. Nessa época, Portugal invadiu e dominou Ceuta (1415);

2) D. Duarte I (1391/1438): irmão de D. Henrique, que criou a Escola de Sagres. Foi em seu Governo que Gil Eanes chegou ao Cabo Bojador (1434);

3) D. Afonso V (1432/1481): durante seu Governo, Portugal avançou pouco, no Périplo Africano;

4) D. João II (1455/1495): chamado de Príncipe Perfeito. Em seu Governo, houve a concentração de poderes (Absolutismo) e Bartolomeu Dias chegou ao Cabo da Boa Esperança (1488);

5) D. Manuel I (1469/1521): nasceu no mesmo ano em que Isabel de Castela e Fernando de Aragão se casaram. Foi em seu Governo que Vasco da Gama chegou às Índias (1498) e Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil (1500). Assumiu o título de Senhor do Comércio, da Conquista e da Navegação da Arábia, Pérsia e Índia, e ainda se casou com Maria de Aragão, filha dos reis espanhóis, numa tentativa de unir as coroas;


6) D. João III (1502/1557): foi durante seu Governo que teve início a Colonização do Brasil.

Finalizando esse post, vejamos quais são os dois tipos de colônia:

1) Colônia de Povoamento: podemos citar como exemplo, as Trezes Colônias, que deram origem aos Estados Unidos da América. Essas colônias foram criadas por pessoas que vieram morar no território. Famílias inteiras, que necessitavam de comércio, escolas, bibliotecas, bancos, etc. Também precisavam de uma economia diversificada, com agricultura, pesca, criação de diversos tipos de animais, e até manufaturas. Geraram uma nação rica e desenvolvida;
PARA SABER MAIS: http://www.infoescola.com/historia/colonias-de-povoamento/



2) Colônia de Exploração: como exemplo, podemos citar todos os países latino-americanos, desde o México até o Uruguai, incluindo o Brasil. Nessas colônias, pretendia-se apenas explorar o que tivesse algum lucro, fosse pau-brasil, ouro, prata, ou até artigos plantados, como tabaco, algodão, cana-de-açúcar, etc. Nem sempre eram famílias que vinham, e foi utilizada a mão-de-obra escrava. Esse tipo de colônia gerou países com grandes dificuldades para se desenvolver, com má distribuição de terras, grandes diferenças sociais, preconceito...
PARA SABER MAIS: http://www.infoescola.com/historia/colonias-de-exploracao/

MÚSICA: COLÔNIA DE EXPLORAÇÃO, BÊCA ARRUDA


sábado, 19 de março de 2011

História do Brasil III - Os Grandes Navegadores

Vimos, no post anterior, que as Grandes Navegações tiveram início, para os portugueses, com a tomada de Ceuta, em 1415. Vimos também, que em 1488, o navegador português Bartolomeu Dias, chegou ao Cabo da Boa Esperança (imagem abaixo), na África do Sul. À essa "volta" damos o nome de "périplo africano".


Enquanto isso, os espanhóis iam se fortalecendo, e dominando cada vez mais territórios, dominados pelos "mouros" desde o século VIII, na Guerra da Reconquista. Fator importante para essa "retomada" foi a união dos reinos de Aragão e Castela, com o casamento de seus soberanos, em 1469.

Esse território só foi definitivamente "reincorporado" em 1492, quando os espanhóis reconquistaram Granada, no Sul da Península Ibérica. Com a "queda de Granada", a Península era novamente "católica" e "européia". Mas sabemos que a influência muçulmana estava definitivamente integrada não só ao continente europeu, mas logo também, ao mundo...Abaixo, quadro reproduzindo a Queda de Granada:


Sabemos, hoje, que ao mesmo tempo em que reconquistavam Granada (objetivo maior), os espanhóis "observavam" a evolução portuguesa, provavelmente querendo achar um "caminho para as índias", assim como os lusitanos. E, nesse contexto, a figura de Cristóvão Colombo (1451/1506) acabou sendo decisiva.

Sabemos que, em 13 de abril de 1492, o navegador Cristóvão Colombo saiu de Palos (Espanha), e se dirigiu ao Oeste ("rumo al ponente"). Em 12 de outubro daquele ano, chegou ao continente americano. Abaixo, cenas do filme 1492, A Conquista do Paraíso (1992), de Ridley Scott, com Gerard Depardieu como Colombo e Sigourney Weaver como Rainha Isabel de Castela.


Colombo realizaria mais três viagens à América (1493, 1498 e 1502) incorporando esse novo continente à Coroa Espanhola. Mas o nome do continente foi dado em homenagem a outro navegador: Américo Vespúcio (1451/1512, primeiro europeu a propor que as terras que Colombo havia chegado não eram realmente parte da Ásia, mas de um continente desconhecido para os europeus).


Esse período foi cercado de muito mistério, devido ao desejo de ambas as Coroas (portuguesa e espanhola) de dominar o "caminho das índias". Então, há muitas suposições sobre o que realmente ocorreu, em cada episódio dessa "novela".


Acredita-se que os portugueses também tivessem seus "espiões" (há quem diga que Colombo seria um deles), pois logo que os espanhóis chegaram à América, Portugal pressionou até que se fizesse um tratado definindo quem era "dono" de cada descoberta. Assim, em 1494, foi assinado o Tratado de Tordesilhas:




Esse Tratado definia que "a 370 léguas de Cabo Verde, seria traçado um meridiano, e as terras a oeste dele seriam da Espanha (em amarelo), enquanto que as terras a leste seriam de Portugal (em verde)". Observando o mapa-múndi, percebemos o que ficou para Portugal: o Oceano Atlântico (caminho) e as Índias (destino). E isso aconteceu seis anos antes do "descobrimento" do Brasil...Antes desse Tratado ser assinado, houve a Bula Inter Coetera, de 1493, que tentara resolver essa questão, mas em vão. O Papa Alexandre VI (1431/1503), espanhol, tentara fixar em 100 léguas a posição do meridiano... 


Agora, os portugueses poderiam prosseguir nas suas viagens, sem interrupções. Um dos signatários do Tratado de Tordesilhas foi o navegador e cosmógrafo português Duarte Pacheco Pereira (1460/1533). Em 1498, ele teria sido incumbido, pelo Rei D. Manuel I (1469/1521), de uma missão secreta: conhecer as terras que ficavam além do Tratado de Tordesilhas. Observe o relato desse navegador:


"Como no terceiro ano de vosso reinado do ano de Nosso Senhor de mil quatrocentos e noventa e oito, donde nos vossa Alteza mandou descobrir a parte ocidental, passando além a grandeza do mar Oceano, onde é achada e navegada uma tam grande terra firme, com muitas e grandes ilhas adjacentes a ela e é grandemente povoada. Tanto se dilata sua grandeza e corre com muita longura, que de uma arte nem da outra não foi visto nem sabido o fim e cabo dela. É achado nela muito e fino brasil com outras muitas cousas de que os navios nestes Reinos vem grandemente povoados."


Esse relato foi feito no Esmeraldo de situ orbis (1506), documento manuscrito que só foi publicado em 1892, a partir de duas cópias existentes. Abaixo, Duarte Pacheco Pereira:




Ainda em 1498, outro navegador português chegou às Índias: Vasco da Gama (1460 ou 1469/1524). No mapa abaixo, a rota de Vasco da Gama:




Em 1499, Vasco da Gama retornou a Portugal, trazendo a novidade da chegada. Enquanto isso, Vicente Yañez Pinzón (1462/1514) navega pela América, tendo avistado um lugar que fica no Nordeste do Brasil, talvez no Ceará ou proximidades. 


em 1500, o Rei D. Manuel I incumbiu o fidalgo Pedro Álvares de Gouveia (Cabral a partir de 1503) de ir às Índias, com 13 navios, buscar riquezas e especiarias. Ele saiu de Portugal em 9 de março de 1500 e chegou ao Brasil em 22 de abril desse mesmo ano. O primeiro lugar que avistou, batizou de Monte Pascoal, por ser época de Páscoa. E batizou a "terra descoberta" de Ilha de Vera Cruz. Em 2 ou 3 de maio seguiu viagem, chegando à Índia em 2 de agosto. Assim, numa viagem só, "oficializou" a posse das terras a oeste e buscou as riquezas do leste. Abaixo, o Monte Pascoal:




E o que queriam os portugueses? As chamadas especiarias: açafrão, canela, cravo-da-índia, gengibre, e outras. 


O Brasil, nesse contexto, não era o "objetivo maior", tanto que ficou "em espera" até 1530. O período 1500/1530 é chamado de Pré-Colonial.


ATIVIDADES

Abaixo, duas questões de vestibulares da UFPR. A primeira é de 2010 (para ingresso este ano) e a segunda é de 2009 (para o ingresso no ano passado):



No próximo post, iremos ver como foi o Período Pré-Colonial, e o início da colonização:


sábado, 12 de março de 2011

História do Brasil II - As Grandes Navegações

No post anterior, vimos como foi a formação de Portugal, durante a Guerra da Reconquista. Destacamaos duas datas: 1139 (Independência de Portugal, em relação ao Reino de Leão e Castela) e 1249 (Portugal conquista a região do Algarve, ficando com a formação atual).

Agora, observe esse trecho da Wikipédia, sobre Dom Afonso III (que conquistou o Algarve):

Para aceder ao trono, Afonso abdicou de Bolonha e repudiou Matilde para casar com Beatriz de Castela. Decidido a não cometer os mesmos erros do irmão, o novo rei prestou especial atenção à classe média de mercadores e pequenos proprietários, ouvindo suas queixas. Por este procedimento, Afonso III ficou conhecido também como o pai do "Estado Português"


É importante lembrar que, nessa época, a Europa estava sob o Feudalismo, um sistema em que se vivia na zona rural, e não havia comércio como o conhecemos. As pessoas faziam "trocas": o dono das terras (suserano ou senhor feudal) cedia terrenos para o vassalo/servo, que devia realizar trabalhos e destinar parte de sua produção, em troca dessas terras...Abaixo, cena de um feudo europeu:






Nesse panorama, um rei que desse valor aos mercadores (comerciantes), já era uma novidade. E Portugal, desde o início de sua História, enveredou por esse caminho, talvez mesmo sob a influência dos muçulmanos. que sempre tiveram fama de bons comerciantes. 


Dom Afonso III também foi o Rei que transferiu a capital, de Coimbra para Lisboa (1255).


O próximo Rei de Portugal, D. Dinis I (1261/1325), filho de D. Afonso III, criou a Ordem de Cristo (1319). Ela foi criada com o patrimônio dos Cavaleiros Templários, que surgiram à época das Cruzadas, e agora eram perseguidos em toda a Europa, devido ao seu poder crescente. Esse patrimônio viria a ser útil, para as futuras navegações portuguesas. Abaixo, a Cruz da Ordem de Cristo. Onde você já viu esse símbolo?




Os últimos reis da Dinastia de Borgonha foram D. Afonso IV (1291/1357), D. Pedro I (1320/1367) e D. Fernando I (1345/1383). A Dinastia de Borgonha (1139/1383) foi a que criou e consolidou o Reino Português.


D. Fernando I tinha apenas uma filha legítima, D. Beatriz de Portugal (1373/1412), que se casou com D. João I de Castela (1358/1390). Quando ele morreu (1383), sua viúva D. Leonor Teles passou a ser regente do trono português. Mas ela era odiada pelo povo, que também temia que um rei castelhano reanexasse Portugal, que era livre desde 1139.


Os comerciantes e a classe média portuguesa, temerosos de atraso em suas atividades (Castela era um reino feudal), decidiram apoiar D. João, Mestre de Avis (1320/1367) para que se tornasse Rei de Portugal. D. João era filho ilegítimo de D. Pedro I (D. Fernando era filho legítimo). Abaixo, D. João I, Mestre de Avis:



O resultado desse conflito de interesses se prolongou por dois anos, e somente terminou em 1385, na Batalha de Aljubarrota. Com essa Batalha, D. João I tornou-se Rei de Portugal, dando início à Dinastia de Avis (1385/1582). Tendo sido apoiado pelos comerciantes e classe média, é óbvio que o Rei ajudaria a fortalecer o comércio em Portugal. E, como Portugal fosse um país com "vocação para o mar", o comércio marítimo foi um dos mais fortalecidos. Lembremo-nos que o sul da Península Ibérica estava ainda dominado pelos árabes, e os reinos cristãos não eram totalmente amistosos. Então, se voltar para o mar era não só uma opção, mas uma necessidade.


Em três atos, fez-se a História de Portugal: 1139 (Independência), 1249 (tomada do Algarve) e 1385 (luta contra os castelhanos). O Estado Moderno português estava pronto para seguir seu destino...


Mas antes, vamos entender o que era um Estado Moderno: era o que hoje chamamos de país, pois tinha um Rei forte (no Feudalismo, o Rei não tinha tanto poder), envolvido com o comércio (o Feudalismo era predominantemente agrário) e com uma classe média de comerciantes fortalecida (os senhores feudais eram "fazendeiros"). E Portugal foi o primeiro Estado Nacional Moderno...


Esse desenvolvimento foi tão rápido que, trinta anos depois, os portugueses já faziam sua primeira conquista: Ceuta.




Como você pode ver no mapa, Ceuta fica no litoral africano. É uma pequena localidade que se situa bem na entrada do Mar Mediterrâneo, e por isso é um ponto-chave para o comércio na região. Para os portugueses, seria importante dominar essa região e aumentar seu comércio. E, pela primeira vez, os portugueses estavam conquistando uma localidade fora do continente europeu. Assim, a conquista de Ceuta, em 1415, marca o início das Grandes Navegações e do périplo africano. Essa conquista foi feita durante o reinado de D. Duarte I (1391/1438), filho de D. João I.


Ainda em seu governo, foi criada a mítica Escola de Sagres (criada por D. Henrique - 1394/1460 - irmão de D. Duarte) e o navegador Gil Eanes dobrou o Cabo Bojador (1434). Abaixo, o Cabo Bojador:




Enquanto os portugueses navegavam pela costa oeste da África, os turcos dominaram a cidade de Constantinopla (1453). Essa cidade era "porta de entrada" para o Oriente. Com sua dominação, o comércio entre o Ocidente e o Oriente sofreu uma interrupção. Agora, mas do que nunca, contornar a África (périplo africano) parecia uma medida para se chegar ao Oriente, sem passar pela cidade...Essa data (1453) costuma marcar o fim da Idade Média e início da Idade Moderna. E quem estava em dia com as mudanças? Portugal...


Durante o reinado de D. Afonso V (1432/1481), Portugal assegurou o controle da Ilha da Madeira, do Arquipélago dos Açores e da costa da Guiné. O Reino de Castela se assenhorou das Ilhas Canárias...


O próximo Rei de Portugal foi D. João II (1455/1495). Durante seu reinado, Portugal fez as seguintes conquistas marítimas:


1484 - Diogo Cão descobriu a foz do Rio Congo e explorou a costa da Namíbia;
1488 - Bartolomeu Dias (1450/1500) cruzou o Cabo da Boa Esperança (África do Sul);
1493 - Álvaro de Caminha iniciou a colonização das Ilhas de São Tomé e Príncipe.


Nessa época, Isabel de Castela (1451/1504) se casou com Fernando de Aragão (1452/1516). O casamento ocorreu em 1469 e uniu os dois reinos que, fortalecidos, conseguiriam expulsar os árabes do sul da Península Ibérica...


O périplo africano durou 73 anos, da tomada de Ceuta, até a chegada ao Cabo da Boa Esperança. Deve-se esse avanço à Escola de Sagres, ao incentivo governamental, ao dinheiro dos Templários e às iniciativas dos comerciantes e navegadores, entre outros...Abaixo, imagem ilustrativa das navegações do Século XV, que ficou conhecido como Século das Navegações:




A seguir, falaremos das navegações espanholas e da chegada dos portugueses ao Brasil...

terça-feira, 8 de março de 2011

História do Brasil I - A Formação de Portugal

Quando queremos "entender" a História do Brasil, geralmente dividimos a mesma em três partes: Colônia, Império e República. Sabidamente, essas três "partes" são de ordem política, e têm a ver com o fato de nós termos sido governados por Portugal (1500 a 1822), termos tido monarcas (1822 a 1889) e termos proclamado uma República, comandada por presidentes (1889 até os dias atuais). Mas, será que nossa História pode ser resumida a isso? Creio que não...

Antes de mais nada, precisamos entender Portugal, que foi o país que nos governou a maior parte de nossa História (322 anos). Como essa nação se formou? E como veio parar aqui, do outro lado do Atlântico? Vejamos:

Portugal fica numa parte da Europa, conhecida como Península Ibérica. Ela recebe esse nome porque é "quase uma ilha" (península) e foi colonizada pelos íberos (por isso o "ibérica"). Em cerca de 136 a.C., o general romano Decimus Junius Brutus Callaicus (180 a 113 a.C.) conquistou a região, e a chamou de Portus Cale (atual cidade do Porto, na foto abaixo):


Os romanos estiveram por ali durante séculos, e de sua língua (o latim), surgiram as línguas portuguesa e espanhola. Mas, entre os séculos V e VI, chegaram os chamados "povos bárbaros" (suevos e visigodos). Os visigodos chamavam a região do Porto de Portucale. E foi nessa região que os árabes chegaram, em 711 (século VIII).

Lembrando: os árabes foram unificados pelo profeta Maomé (570/632), criador da religião muçulmana e do Império Árabe (abaixo). Até o surgimento dele, esse povo vivia espalhado pelos desertos árabes. Mas, sob seu comando (e de seus sucessores), em nome de Alá, eles criaram um Império que dominou todo o Oriente Médio, o Norte da África e a Península Ibérica. Assim, parte da Europa se tornou muçulmana...


 A presença dos árabes na Península Ibérica foi decisiva, para alguns fatos:
a) muito da cultura árabe se incorporou às culturas espanhola e portuguesa, desde a alimentação, até a música e ao vocabulário;
b) a luta contra uma religião "estranha" fortaleceu o Cristianismo na Península Ibérica, sendo que esses países são muito mais católicos, hoje, que outros da Europa;
c) a luta contra os árabes ajudou no surgimento de Portugal.

Na verdade, o que aconteceu foi o seguinte: aos poucos, os habitantes da Península Ibérica foram se organizando, e criaram os Reinos Cristãos (ao norte, em amarelo e marrom). Os árabes foram se fortalecendo ao sul, e formaram o Califado de Córdoba (abaixo, em verde):


Os principais Reinos Cristãos eram Galícia, Astúrias, Castela e Aragão (abaixo, a Península Ibérica, em 900 - século X):


O Reino das Astúrias, o mais antigo Reino Cristão, foi subdividido em outros reinos: Castela, Leão, Navarra e Aragão. O Reino de Leão começou a se formar a partir do ano 900 (Século X). Em 1065, seu Rei era Afonso VI (1039/1109), que em 1072 também se tornou Rei de Castela. Assim, Afonso VI foi o primeiro Rei de Leão e Castela. Em sua guerra contra os árabes (chamados de mouros), D. Afonso VI presenteou seu genro, D. Henrique de Borgonha, com o Condado Portucalense. Abaixo, D. Afonso VI:


D. Henrique de Borgonha (1066/1112) era de família nobre da França (era bisneto do Rei Roberto II). Mas, como não tinha direito a heranças, resolveu se aventurar na Península Ibérica, na luta contra os árabes (chamada de Reconquista). Nesse meio tempo, se casou com Teresa de Leão (1080/1130), filha ilegítima do Rei Afonso VI e recebeu o Condado Portucalense (passou a ser Conde e vassalo do sogro). Abaixo, o Conde de Portugal, D. Henrique de Borgonha:


Em 1109, nasceu D. Afonso Henriques, que viria a ser herdeiro de seu pai, D. Henrique, como Conde de Portugal. Mas ele não queria ser vassalo do avô e, em 1139, proclamou-se Rei de Portugal (após a Batalha de Ourique). Mas essa independência só seria reconhecida em 1143, pelo Tratado de Zamora. Agora Rei de Portugal, D. Afonso I Henriques faleceu em 1185. Quando de sua morte, a Península Ibérica já estava assim:


Devemos lembrar de duas coisas:
1) Portugal, diferente da Espanha, surgiu como nação unida (repare que Espanha ainda era formada por vários Reinos Cristãos);
2) os portugueses, diferente dos espanhóis, já começaram se dedicando à pesca, sendo que o Porto era sua capital, e o mar era seu ganha-pão;

Ainda em 1142, D. Afonso I conquistou Lisboa. Em 1179, o Papa Alexandre III reconheceu Portugal como nação cristã e independente. Em 1185, D. Afonso I faleceu. Seus sucessores continuaram sua obra e, em 1249, seu bisneto, D. Afonso III (1210/1279), dominou a região do Algarve (sul de Portugal). Assim, Portugal passou a se chamar Reino de Portugal e Algarve (figura abaixo):


Em seguida, iremos ver como esse minúsculo Reino, encravado na Europa, foi responsável pela mudança do mundo. Até lá!