sábado, 19 de março de 2011

História do Brasil III - Os Grandes Navegadores

Vimos, no post anterior, que as Grandes Navegações tiveram início, para os portugueses, com a tomada de Ceuta, em 1415. Vimos também, que em 1488, o navegador português Bartolomeu Dias, chegou ao Cabo da Boa Esperança (imagem abaixo), na África do Sul. À essa "volta" damos o nome de "périplo africano".


Enquanto isso, os espanhóis iam se fortalecendo, e dominando cada vez mais territórios, dominados pelos "mouros" desde o século VIII, na Guerra da Reconquista. Fator importante para essa "retomada" foi a união dos reinos de Aragão e Castela, com o casamento de seus soberanos, em 1469.

Esse território só foi definitivamente "reincorporado" em 1492, quando os espanhóis reconquistaram Granada, no Sul da Península Ibérica. Com a "queda de Granada", a Península era novamente "católica" e "européia". Mas sabemos que a influência muçulmana estava definitivamente integrada não só ao continente europeu, mas logo também, ao mundo...Abaixo, quadro reproduzindo a Queda de Granada:


Sabemos, hoje, que ao mesmo tempo em que reconquistavam Granada (objetivo maior), os espanhóis "observavam" a evolução portuguesa, provavelmente querendo achar um "caminho para as índias", assim como os lusitanos. E, nesse contexto, a figura de Cristóvão Colombo (1451/1506) acabou sendo decisiva.

Sabemos que, em 13 de abril de 1492, o navegador Cristóvão Colombo saiu de Palos (Espanha), e se dirigiu ao Oeste ("rumo al ponente"). Em 12 de outubro daquele ano, chegou ao continente americano. Abaixo, cenas do filme 1492, A Conquista do Paraíso (1992), de Ridley Scott, com Gerard Depardieu como Colombo e Sigourney Weaver como Rainha Isabel de Castela.


Colombo realizaria mais três viagens à América (1493, 1498 e 1502) incorporando esse novo continente à Coroa Espanhola. Mas o nome do continente foi dado em homenagem a outro navegador: Américo Vespúcio (1451/1512, primeiro europeu a propor que as terras que Colombo havia chegado não eram realmente parte da Ásia, mas de um continente desconhecido para os europeus).


Esse período foi cercado de muito mistério, devido ao desejo de ambas as Coroas (portuguesa e espanhola) de dominar o "caminho das índias". Então, há muitas suposições sobre o que realmente ocorreu, em cada episódio dessa "novela".


Acredita-se que os portugueses também tivessem seus "espiões" (há quem diga que Colombo seria um deles), pois logo que os espanhóis chegaram à América, Portugal pressionou até que se fizesse um tratado definindo quem era "dono" de cada descoberta. Assim, em 1494, foi assinado o Tratado de Tordesilhas:




Esse Tratado definia que "a 370 léguas de Cabo Verde, seria traçado um meridiano, e as terras a oeste dele seriam da Espanha (em amarelo), enquanto que as terras a leste seriam de Portugal (em verde)". Observando o mapa-múndi, percebemos o que ficou para Portugal: o Oceano Atlântico (caminho) e as Índias (destino). E isso aconteceu seis anos antes do "descobrimento" do Brasil...Antes desse Tratado ser assinado, houve a Bula Inter Coetera, de 1493, que tentara resolver essa questão, mas em vão. O Papa Alexandre VI (1431/1503), espanhol, tentara fixar em 100 léguas a posição do meridiano... 


Agora, os portugueses poderiam prosseguir nas suas viagens, sem interrupções. Um dos signatários do Tratado de Tordesilhas foi o navegador e cosmógrafo português Duarte Pacheco Pereira (1460/1533). Em 1498, ele teria sido incumbido, pelo Rei D. Manuel I (1469/1521), de uma missão secreta: conhecer as terras que ficavam além do Tratado de Tordesilhas. Observe o relato desse navegador:


"Como no terceiro ano de vosso reinado do ano de Nosso Senhor de mil quatrocentos e noventa e oito, donde nos vossa Alteza mandou descobrir a parte ocidental, passando além a grandeza do mar Oceano, onde é achada e navegada uma tam grande terra firme, com muitas e grandes ilhas adjacentes a ela e é grandemente povoada. Tanto se dilata sua grandeza e corre com muita longura, que de uma arte nem da outra não foi visto nem sabido o fim e cabo dela. É achado nela muito e fino brasil com outras muitas cousas de que os navios nestes Reinos vem grandemente povoados."


Esse relato foi feito no Esmeraldo de situ orbis (1506), documento manuscrito que só foi publicado em 1892, a partir de duas cópias existentes. Abaixo, Duarte Pacheco Pereira:




Ainda em 1498, outro navegador português chegou às Índias: Vasco da Gama (1460 ou 1469/1524). No mapa abaixo, a rota de Vasco da Gama:




Em 1499, Vasco da Gama retornou a Portugal, trazendo a novidade da chegada. Enquanto isso, Vicente Yañez Pinzón (1462/1514) navega pela América, tendo avistado um lugar que fica no Nordeste do Brasil, talvez no Ceará ou proximidades. 


em 1500, o Rei D. Manuel I incumbiu o fidalgo Pedro Álvares de Gouveia (Cabral a partir de 1503) de ir às Índias, com 13 navios, buscar riquezas e especiarias. Ele saiu de Portugal em 9 de março de 1500 e chegou ao Brasil em 22 de abril desse mesmo ano. O primeiro lugar que avistou, batizou de Monte Pascoal, por ser época de Páscoa. E batizou a "terra descoberta" de Ilha de Vera Cruz. Em 2 ou 3 de maio seguiu viagem, chegando à Índia em 2 de agosto. Assim, numa viagem só, "oficializou" a posse das terras a oeste e buscou as riquezas do leste. Abaixo, o Monte Pascoal:




E o que queriam os portugueses? As chamadas especiarias: açafrão, canela, cravo-da-índia, gengibre, e outras. 


O Brasil, nesse contexto, não era o "objetivo maior", tanto que ficou "em espera" até 1530. O período 1500/1530 é chamado de Pré-Colonial.


ATIVIDADES

Abaixo, duas questões de vestibulares da UFPR. A primeira é de 2010 (para ingresso este ano) e a segunda é de 2009 (para o ingresso no ano passado):



No próximo post, iremos ver como foi o Período Pré-Colonial, e o início da colonização:


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