sábado, 12 de março de 2011

História do Brasil II - As Grandes Navegações

No post anterior, vimos como foi a formação de Portugal, durante a Guerra da Reconquista. Destacamaos duas datas: 1139 (Independência de Portugal, em relação ao Reino de Leão e Castela) e 1249 (Portugal conquista a região do Algarve, ficando com a formação atual).

Agora, observe esse trecho da Wikipédia, sobre Dom Afonso III (que conquistou o Algarve):

Para aceder ao trono, Afonso abdicou de Bolonha e repudiou Matilde para casar com Beatriz de Castela. Decidido a não cometer os mesmos erros do irmão, o novo rei prestou especial atenção à classe média de mercadores e pequenos proprietários, ouvindo suas queixas. Por este procedimento, Afonso III ficou conhecido também como o pai do "Estado Português"


É importante lembrar que, nessa época, a Europa estava sob o Feudalismo, um sistema em que se vivia na zona rural, e não havia comércio como o conhecemos. As pessoas faziam "trocas": o dono das terras (suserano ou senhor feudal) cedia terrenos para o vassalo/servo, que devia realizar trabalhos e destinar parte de sua produção, em troca dessas terras...Abaixo, cena de um feudo europeu:






Nesse panorama, um rei que desse valor aos mercadores (comerciantes), já era uma novidade. E Portugal, desde o início de sua História, enveredou por esse caminho, talvez mesmo sob a influência dos muçulmanos. que sempre tiveram fama de bons comerciantes. 


Dom Afonso III também foi o Rei que transferiu a capital, de Coimbra para Lisboa (1255).


O próximo Rei de Portugal, D. Dinis I (1261/1325), filho de D. Afonso III, criou a Ordem de Cristo (1319). Ela foi criada com o patrimônio dos Cavaleiros Templários, que surgiram à época das Cruzadas, e agora eram perseguidos em toda a Europa, devido ao seu poder crescente. Esse patrimônio viria a ser útil, para as futuras navegações portuguesas. Abaixo, a Cruz da Ordem de Cristo. Onde você já viu esse símbolo?




Os últimos reis da Dinastia de Borgonha foram D. Afonso IV (1291/1357), D. Pedro I (1320/1367) e D. Fernando I (1345/1383). A Dinastia de Borgonha (1139/1383) foi a que criou e consolidou o Reino Português.


D. Fernando I tinha apenas uma filha legítima, D. Beatriz de Portugal (1373/1412), que se casou com D. João I de Castela (1358/1390). Quando ele morreu (1383), sua viúva D. Leonor Teles passou a ser regente do trono português. Mas ela era odiada pelo povo, que também temia que um rei castelhano reanexasse Portugal, que era livre desde 1139.


Os comerciantes e a classe média portuguesa, temerosos de atraso em suas atividades (Castela era um reino feudal), decidiram apoiar D. João, Mestre de Avis (1320/1367) para que se tornasse Rei de Portugal. D. João era filho ilegítimo de D. Pedro I (D. Fernando era filho legítimo). Abaixo, D. João I, Mestre de Avis:



O resultado desse conflito de interesses se prolongou por dois anos, e somente terminou em 1385, na Batalha de Aljubarrota. Com essa Batalha, D. João I tornou-se Rei de Portugal, dando início à Dinastia de Avis (1385/1582). Tendo sido apoiado pelos comerciantes e classe média, é óbvio que o Rei ajudaria a fortalecer o comércio em Portugal. E, como Portugal fosse um país com "vocação para o mar", o comércio marítimo foi um dos mais fortalecidos. Lembremo-nos que o sul da Península Ibérica estava ainda dominado pelos árabes, e os reinos cristãos não eram totalmente amistosos. Então, se voltar para o mar era não só uma opção, mas uma necessidade.


Em três atos, fez-se a História de Portugal: 1139 (Independência), 1249 (tomada do Algarve) e 1385 (luta contra os castelhanos). O Estado Moderno português estava pronto para seguir seu destino...


Mas antes, vamos entender o que era um Estado Moderno: era o que hoje chamamos de país, pois tinha um Rei forte (no Feudalismo, o Rei não tinha tanto poder), envolvido com o comércio (o Feudalismo era predominantemente agrário) e com uma classe média de comerciantes fortalecida (os senhores feudais eram "fazendeiros"). E Portugal foi o primeiro Estado Nacional Moderno...


Esse desenvolvimento foi tão rápido que, trinta anos depois, os portugueses já faziam sua primeira conquista: Ceuta.




Como você pode ver no mapa, Ceuta fica no litoral africano. É uma pequena localidade que se situa bem na entrada do Mar Mediterrâneo, e por isso é um ponto-chave para o comércio na região. Para os portugueses, seria importante dominar essa região e aumentar seu comércio. E, pela primeira vez, os portugueses estavam conquistando uma localidade fora do continente europeu. Assim, a conquista de Ceuta, em 1415, marca o início das Grandes Navegações e do périplo africano. Essa conquista foi feita durante o reinado de D. Duarte I (1391/1438), filho de D. João I.


Ainda em seu governo, foi criada a mítica Escola de Sagres (criada por D. Henrique - 1394/1460 - irmão de D. Duarte) e o navegador Gil Eanes dobrou o Cabo Bojador (1434). Abaixo, o Cabo Bojador:




Enquanto os portugueses navegavam pela costa oeste da África, os turcos dominaram a cidade de Constantinopla (1453). Essa cidade era "porta de entrada" para o Oriente. Com sua dominação, o comércio entre o Ocidente e o Oriente sofreu uma interrupção. Agora, mas do que nunca, contornar a África (périplo africano) parecia uma medida para se chegar ao Oriente, sem passar pela cidade...Essa data (1453) costuma marcar o fim da Idade Média e início da Idade Moderna. E quem estava em dia com as mudanças? Portugal...


Durante o reinado de D. Afonso V (1432/1481), Portugal assegurou o controle da Ilha da Madeira, do Arquipélago dos Açores e da costa da Guiné. O Reino de Castela se assenhorou das Ilhas Canárias...


O próximo Rei de Portugal foi D. João II (1455/1495). Durante seu reinado, Portugal fez as seguintes conquistas marítimas:


1484 - Diogo Cão descobriu a foz do Rio Congo e explorou a costa da Namíbia;
1488 - Bartolomeu Dias (1450/1500) cruzou o Cabo da Boa Esperança (África do Sul);
1493 - Álvaro de Caminha iniciou a colonização das Ilhas de São Tomé e Príncipe.


Nessa época, Isabel de Castela (1451/1504) se casou com Fernando de Aragão (1452/1516). O casamento ocorreu em 1469 e uniu os dois reinos que, fortalecidos, conseguiriam expulsar os árabes do sul da Península Ibérica...


O périplo africano durou 73 anos, da tomada de Ceuta, até a chegada ao Cabo da Boa Esperança. Deve-se esse avanço à Escola de Sagres, ao incentivo governamental, ao dinheiro dos Templários e às iniciativas dos comerciantes e navegadores, entre outros...Abaixo, imagem ilustrativa das navegações do Século XV, que ficou conhecido como Século das Navegações:




A seguir, falaremos das navegações espanholas e da chegada dos portugueses ao Brasil...

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