sábado, 15 de janeiro de 2011

A Revolução Industrial - Parte V



Nesta parte do livro, o historiador Eric Hobsbawn procura explicar como foi que a Inglaterra apresentou "soluções" para a questão da "transformação" da agricultura, e como isso contribuiu para a Revolução Industrial. Para compreendermos melhor esse momento, vejamos este trecho, extraído de outro blog:

Cercamentos eram terras cercadas para a criação de ovelhas, cuja lã era usada na fabricação de tecido, principal produto inglês na época. Os cercamentos foram criados a partir do século XVI. Antes disso, muitos camponeses estavam submetidos a uma relação de servidão. Seu senhor lhes dava proteção militar e, em troca eles eram obrigados a trabalhar em suas terras. Por mais explorados que fossem, os servos tinham onde morar, plantar e criar alguns animais.

O senhor que cercava suas terras rompia esse laço de dever e libertava os servos de qualquer obrigação. Livres, porém expulsos das terras, os servos perdiam suas condições de sobrevivência e não tinham para onde ir. Assim, os cercamentos provocaram intensa migração do campo para a cidade. Nas cidades, os trabalhadores tinham como principal opção se submeterem aos baixos salários oferecidos nas fábricas. Estava constituída, assim uma massa de trabalhadores capaz de se sujeitar aos míseros salários pagos pelos donos das indústrias que surgiam nas cidades.


(CARDOSO, Oldimar. coleção Tudo é História. ensino fundamental. in http://histoblogsu.blogspot.com/)

Segundo Hobsbawm, o "Movimento das Cercas" foi uma transformação social e não tecnológica, "que fez a Grã-Bretanha um país de alguns grandes proprietários, um número moderado de arrendatários comerciais e um grande número de trabalhadores contratados".

Do ponto de vista financeiro, esse "movimento" foi um sucesso, mas do ponto de vista humano, foi uma tragédia: milhares de camponeses não tinham mais onde plantar, pois seus locais de cultivo haviam virado pasto para ovelhas. Assim, a solução era continuarem no campo, como empregados dos grandes fazendeiros, ou então migrar para as cidades, onde virariam operários...

Mas, no período que o livro abrange (1789/1848), essa migração foi relativamente pequena, ampliando-se na segunda metade do século XIX. E, para piorar a situação, os camponeses não tinham os hábitos de um operário, de manter horário de trabalho. Eles tinham que aprender o trabalho e também criar uma rotina de trabalho, que antes não havia. Dessa forma, havia duas maneiras de transformar os operários em "dóceis operários": ou pagar muito pouco, forçando-os a trabalhar sem parar, ou empregar mulheres e crianças, que eram uma mão-de-obra mais barata:

Nas fábricas onde a disciplina do operariado era mais urgente, descobriu-se que era mais conveninete empregar as dóceis (e mais baratas) mulheres e crianças: de todos os trabalhadores nos engenhos de algodão ingleses em 1834-47, cerca de 1/4 eram homens adultos, mais da metade era de mulheres e meninas, e o restante de rapazes abaixo dos 18 anos (Imagem 1: mulheres trabalhando numa fábrica de tecidos).

Hobsbawm conclui esse capítulo lembrando que a Grã-Bretanha era a "oficina do mundo", nesse período. Também fala sobre o impacto dessa Revolução:

Pelos padrões de 1848, ela era monumental, embora também chocasse bastante, pois suas novas cidades eram mais feias e seu proletariado mais pobre do que em outros países.

Síntese: páginas 77 a 82 (continua)

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