domingo, 10 de outubro de 2010
O Mundo na Década de 1780 - III
Ainda detendo-nos na primeira parte do livro "A Era das Revoluções", de Hobsbawm, percebemos como, mesmo habitando em cidadelas provincianas, e conhecendo pouco do mundo, os homens de então ansiavam por um futuro promissor, onde não houvessem "amarras" visíveis ou invisíveis para o progresso. O texto do historiador faz-nos pensar em como deveriam ser esses homens, poucos em meio a uma multidão de milhões de pessoas que mal conheciam os arredores das cidades onde moravam...
Talvez, os que mais conhecessem lugares distantes fossem os soldados, que freqüentemente se encontravam em algum campo de batalha:
"...repetidos períodos de guerra geral: 1689-1713, 1740-8, 1756-63, 1776-83 e, chegando até o nosso período, 1792-1815."
Essas guerras tiveram nomes ou inimigos conhecidos: Revolução Gloriosa (1689 a 1713), Guerra da Sucessão Austríaca (1740 a 1748), Guerra dos Sete Anos (1756 a 1763) e Revolução Francesa (1792 a 1815). Na maioria dos casos, os países envolvidos foram Inglaterra e França.
Hobsbawm observa bem que, antes de ser conflitos entre nações, esses conflitos foram entre a "velha" e a "nova" ordem, entre a manutenção do que tinha então, e a luta pela chegada do novo. Inglaterra estava se modernizando desde a Revolução Gloriosa, e todas as lutas em que entrou, venceu. A única em que perdeu foi naquela em que a França se aliou aos EUA. Mas o resultado foi tão ou mais catastrófico para a França, visto que o apoio dado aos colonos provocou a Revolução Francesa...
Na última parte desse esboço sobre o mundo na época da "dupla revolução", Hobsbawm relata como a presença dos europeus ainda não era total, na África, no Oriente Médio e na Ásia. Mas, como ele mesmo lembra,
"Já então, a relativa fragilidade das civilizações não européias, quando confrontadas com a superioridade militar e tecnológica do Ocidente, era previsível. O que se chamou "a era de Vasco da Gama", ou seja, os quatro séculos da história do mundo em que um punhado de Estados europeus e de forças capitalistas européias estabeleceram um domínio completo, embora temporário - como é hoje evidente - sobre o mundo inteiro, estava para atingir seu clímax. A dupla revolução estava a ponto de tornar irresistível a expansão européia, embora estivesse também a ponto de dar ao mundo não europeu as condições e o equipamento para seu eventual contra-ataque."
Ou seja, o historiador nos dá o elemnto básico do que virá a seguir: Inglaterra e França promoveram a "dupla revolução" e, provavelmente, eram os únicos a possuir essas condições, no final do século XVIII e início do século XIX...
Síntese: páginas 46 a 48 (continua)
Imagem: Rei George III (1738/1820), pintado por Allan Ramsay (1713/1784).
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