segunda-feira, 15 de novembro de 2010
A Revolução Industrial - Parte III
Na parte III do texto sobre a Revolução Industrial, Hobsbawm deixa claro que, a princípio, entendeu-se a Revolução Industrial como "revolução da indústria do algodão", pois foi ela que desempenhou, de maneira mais concreta, a concretização da idéia de "indústria".
"Em 1830, a 'indústria' e a 'fábrica' no sentido moderno ainda significavam quase que exclusivamente as áreas algodoeiras do Reino Unido."
Na verdade, haviam outras indústrias, como a de "alimentos e bebidas, cerâmica e outros produtos de uso doméstico", diz ele, mas "nenhuma se aproximava sequer remotamente do milhão e meio de pessoas empregadas diretamente na indústria algodoeira ou dela dependentes em 1833."
Fica bem claro, nesse trecho, como se deu o início da Revolução Industrial: com maquinário usado na produção de tecidos à base de algodão que, como relatamos anteriormente, inverteram o trajeto de mercadorias entre o Ocidente e o Oriente, pela primeira vez.
O resultado dessa mudança não poderia ser outro:
"Os produtos de algodão constituíam entre 40 e 50% do valor anual declarado de todas as exportações britânicas entre 1816 e 1848."
Mas essa época não foi apenas de crescimento desmedido, e glórias ininterruptas. Pelo contrário: o início da Revolução Industrial e a mudança na economia geraram uma crise que afetou a todos, e produziu trabalhadores revoltados, como os cartistas e os luditas:
"A exploração da mão-de-obra, que mantinha sua renda a nível de subsistência, possibilitando aos ricos acumularem os lucros que financiavam a industrialização (e seus próprios e amplos confortos), criava um conflito com o proletariado."
Se antes havia exploração, agora ela parecia mais aguda, mais visível. E quebrar máquinas, reclamar e fazer revoltas, mais do que nunca, parecia uma saída para os problemas...
"Os trabalhadores e a queixosa pequena burguesia, prestes a desabar no abismo dos destituídos de propriedade, partilhavam portanto dos mesmos descontentamentos. Estes descontentamentos por sua vez uniam-nos nos movimentos de massa do "radicalismo", da "democracia" ou da "república", cujos exemplares mais formidáveis, entre 1815 e 1848, foram os radicais britânicos, os republicanos franceses e os democratas jacksonianos americanos."
Já se conhecia, naquela época, o ciclo de crescimento e estagnação da economia ("ciclo comercial de boom e depressão") e a margem de lucro gerada pelo algodão era tranquilizadora, para os capitalistas. Mas, e talvez por isso mesmo, o que se comprimiam eram os salários:
"Eles podiam ser comprimidos pela simples diminuição, pela substituição de trabalhadores qualificados, mais caros, e pela competição da máquina com a mão-de-obra que reduziu o salário médio semanal dos tecelões manuais em Bolton de 33 shillings em 1795 e 14 shillings em 1815 para 5 shillings e 6 pence (ou mais precisamente, uma renda líquida de 4 shillings 1 1/2 pence) em 1829-34."
Síntese: Páginas 62 a 69 (continua)
Imagem: "Líder dos Ludditas", gravura de 1812
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário