Quando queremos "entender" a História do Brasil, geralmente dividimos a mesma em três partes: Colônia, Império e República. Sabidamente, essas três "partes" são de ordem política, e têm a ver com o fato de nós termos sido governados por Portugal (1500 a 1822), termos tido monarcas (1822 a 1889) e termos proclamado uma República, comandada por presidentes (1889 até os dias atuais). Mas, será que nossa História pode ser resumida a isso? Creio que não...
Antes de mais nada, precisamos entender Portugal, que foi o país que nos governou a maior parte de nossa História (322 anos). Como essa nação se formou? E como veio parar aqui, do outro lado do Atlântico? Vejamos:
Portugal fica numa parte da Europa, conhecida como Península Ibérica. Ela recebe esse nome porque é "quase uma ilha" (península) e foi colonizada pelos íberos (por isso o "ibérica"). Em cerca de 136 a.C., o general romano Decimus Junius Brutus Callaicus (180 a 113 a.C.) conquistou a região, e a chamou de Portus Cale (atual cidade do Porto, na foto abaixo):
Os romanos estiveram por ali durante séculos, e de sua língua (o latim), surgiram as línguas portuguesa e espanhola. Mas, entre os séculos V e VI, chegaram os chamados "povos bárbaros" (suevos e visigodos). Os visigodos chamavam a região do Porto de Portucale. E foi nessa região que os árabes chegaram, em 711 (século VIII).
Lembrando: os árabes foram unificados pelo profeta Maomé (570/632), criador da religião muçulmana e do Império Árabe (abaixo). Até o surgimento dele, esse povo vivia espalhado pelos desertos árabes. Mas, sob seu comando (e de seus sucessores), em nome de Alá, eles criaram um Império que dominou todo o Oriente Médio, o Norte da África e a Península Ibérica. Assim, parte da Europa se tornou muçulmana...
A presença dos árabes na Península Ibérica foi decisiva, para alguns fatos:
a) muito da cultura árabe se incorporou às culturas espanhola e portuguesa, desde a alimentação, até a música e ao vocabulário;
b) a luta contra uma religião "estranha" fortaleceu o Cristianismo na Península Ibérica, sendo que esses países são muito mais católicos, hoje, que outros da Europa;
c) a luta contra os árabes ajudou no surgimento de Portugal.
Na verdade, o que aconteceu foi o seguinte: aos poucos, os habitantes da Península Ibérica foram se organizando, e criaram os Reinos Cristãos (ao norte, em amarelo e marrom). Os árabes foram se fortalecendo ao sul, e formaram o Califado de Córdoba (abaixo, em verde):
Os principais Reinos Cristãos eram Galícia, Astúrias, Castela e Aragão (abaixo, a Península Ibérica, em 900 - século X):
O Reino das Astúrias, o mais antigo Reino Cristão, foi subdividido em outros reinos: Castela, Leão, Navarra e Aragão. O Reino de Leão começou a se formar a partir do ano 900 (Século X). Em 1065, seu Rei era Afonso VI (1039/1109), que em 1072 também se tornou Rei de Castela. Assim, Afonso VI foi o primeiro Rei de Leão e Castela. Em sua guerra contra os árabes (chamados de mouros), D. Afonso VI presenteou seu genro, D. Henrique de Borgonha, com o Condado Portucalense. Abaixo, D. Afonso VI:
D. Henrique de Borgonha (1066/1112) era de família nobre da França (era bisneto do Rei Roberto II). Mas, como não tinha direito a heranças, resolveu se aventurar na Península Ibérica, na luta contra os árabes (chamada de Reconquista). Nesse meio tempo, se casou com Teresa de Leão (1080/1130), filha ilegítima do Rei Afonso VI e recebeu o Condado Portucalense (passou a ser Conde e vassalo do sogro). Abaixo, o Conde de Portugal, D. Henrique de Borgonha:
Em 1109, nasceu D. Afonso Henriques, que viria a ser herdeiro de seu pai, D. Henrique, como Conde de Portugal. Mas ele não queria ser vassalo do avô e, em 1139, proclamou-se Rei de Portugal (após a Batalha de Ourique). Mas essa independência só seria reconhecida em 1143, pelo Tratado de Zamora. Agora Rei de Portugal, D. Afonso I Henriques faleceu em 1185. Quando de sua morte, a Península Ibérica já estava assim:
Devemos lembrar de duas coisas:
1) Portugal, diferente da Espanha, surgiu como nação unida (repare que Espanha ainda era formada por vários Reinos Cristãos);
2) os portugueses, diferente dos espanhóis, já começaram se dedicando à pesca, sendo que o Porto era sua capital, e o mar era seu ganha-pão;
Ainda em 1142, D. Afonso I conquistou Lisboa. Em 1179, o Papa Alexandre III reconheceu Portugal como nação cristã e independente. Em 1185, D. Afonso I faleceu. Seus sucessores continuaram sua obra e, em 1249, seu bisneto, D. Afonso III (1210/1279), dominou a região do Algarve (sul de Portugal). Assim, Portugal passou a se chamar Reino de Portugal e Algarve (figura abaixo):
Em seguida, iremos ver como esse minúsculo Reino, encravado na Europa, foi responsável pela mudança do mundo. Até lá!
Antes de mais nada, precisamos entender Portugal, que foi o país que nos governou a maior parte de nossa História (322 anos). Como essa nação se formou? E como veio parar aqui, do outro lado do Atlântico? Vejamos:
Portugal fica numa parte da Europa, conhecida como Península Ibérica. Ela recebe esse nome porque é "quase uma ilha" (península) e foi colonizada pelos íberos (por isso o "ibérica"). Em cerca de 136 a.C., o general romano Decimus Junius Brutus Callaicus (180 a 113 a.C.) conquistou a região, e a chamou de Portus Cale (atual cidade do Porto, na foto abaixo):
Os romanos estiveram por ali durante séculos, e de sua língua (o latim), surgiram as línguas portuguesa e espanhola. Mas, entre os séculos V e VI, chegaram os chamados "povos bárbaros" (suevos e visigodos). Os visigodos chamavam a região do Porto de Portucale. E foi nessa região que os árabes chegaram, em 711 (século VIII).
Lembrando: os árabes foram unificados pelo profeta Maomé (570/632), criador da religião muçulmana e do Império Árabe (abaixo). Até o surgimento dele, esse povo vivia espalhado pelos desertos árabes. Mas, sob seu comando (e de seus sucessores), em nome de Alá, eles criaram um Império que dominou todo o Oriente Médio, o Norte da África e a Península Ibérica. Assim, parte da Europa se tornou muçulmana...
A presença dos árabes na Península Ibérica foi decisiva, para alguns fatos:
a) muito da cultura árabe se incorporou às culturas espanhola e portuguesa, desde a alimentação, até a música e ao vocabulário;
b) a luta contra uma religião "estranha" fortaleceu o Cristianismo na Península Ibérica, sendo que esses países são muito mais católicos, hoje, que outros da Europa;
c) a luta contra os árabes ajudou no surgimento de Portugal.
Na verdade, o que aconteceu foi o seguinte: aos poucos, os habitantes da Península Ibérica foram se organizando, e criaram os Reinos Cristãos (ao norte, em amarelo e marrom). Os árabes foram se fortalecendo ao sul, e formaram o Califado de Córdoba (abaixo, em verde):
Os principais Reinos Cristãos eram Galícia, Astúrias, Castela e Aragão (abaixo, a Península Ibérica, em 900 - século X):
O Reino das Astúrias, o mais antigo Reino Cristão, foi subdividido em outros reinos: Castela, Leão, Navarra e Aragão. O Reino de Leão começou a se formar a partir do ano 900 (Século X). Em 1065, seu Rei era Afonso VI (1039/1109), que em 1072 também se tornou Rei de Castela. Assim, Afonso VI foi o primeiro Rei de Leão e Castela. Em sua guerra contra os árabes (chamados de mouros), D. Afonso VI presenteou seu genro, D. Henrique de Borgonha, com o Condado Portucalense. Abaixo, D. Afonso VI:
D. Henrique de Borgonha (1066/1112) era de família nobre da França (era bisneto do Rei Roberto II). Mas, como não tinha direito a heranças, resolveu se aventurar na Península Ibérica, na luta contra os árabes (chamada de Reconquista). Nesse meio tempo, se casou com Teresa de Leão (1080/1130), filha ilegítima do Rei Afonso VI e recebeu o Condado Portucalense (passou a ser Conde e vassalo do sogro). Abaixo, o Conde de Portugal, D. Henrique de Borgonha:
Em 1109, nasceu D. Afonso Henriques, que viria a ser herdeiro de seu pai, D. Henrique, como Conde de Portugal. Mas ele não queria ser vassalo do avô e, em 1139, proclamou-se Rei de Portugal (após a Batalha de Ourique). Mas essa independência só seria reconhecida em 1143, pelo Tratado de Zamora. Agora Rei de Portugal, D. Afonso I Henriques faleceu em 1185. Quando de sua morte, a Península Ibérica já estava assim:
Devemos lembrar de duas coisas:
1) Portugal, diferente da Espanha, surgiu como nação unida (repare que Espanha ainda era formada por vários Reinos Cristãos);
2) os portugueses, diferente dos espanhóis, já começaram se dedicando à pesca, sendo que o Porto era sua capital, e o mar era seu ganha-pão;
Ainda em 1142, D. Afonso I conquistou Lisboa. Em 1179, o Papa Alexandre III reconheceu Portugal como nação cristã e independente. Em 1185, D. Afonso I faleceu. Seus sucessores continuaram sua obra e, em 1249, seu bisneto, D. Afonso III (1210/1279), dominou a região do Algarve (sul de Portugal). Assim, Portugal passou a se chamar Reino de Portugal e Algarve (figura abaixo):
Em seguida, iremos ver como esse minúsculo Reino, encravado na Europa, foi responsável pela mudança do mundo. Até lá!
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